12/11/2009

Barraco Globo X Record




Globo impede Record de entrevistar secretário de Minas e Energia (SERÁ??)

NÃO SERIA O CONTRÁRIO ......

RECORD IMPEDE GLOBO DE ENTREVISTAR O SECRETÁRIO DE MINAS E ENERGIA

Caso - Repórteres da Record e Globo discutem para ver quem vai entrevistar o Secretário de Minas e Energia, Márcio Zimmerman, em frente ao Ministério em Brasília depois do apagão na noite de 10 de novembro de 2009, quando parte do país ficou sem luz.

A repórter da Globo estava se preparando para entrar ao vivo quando surge a repórter da Record tentando entrevistar o secretário.

Comentário - Quem é da imprensa sabe que os links aos vivos são marcados previamente com as assessorias de imprensa. Portanto se a Record tinha marcado, como afirma o assessor no video, para depois da outra emissora, tem de respeitar o horário. Do contrário é falta de ética, e não, como quis demonstrar o apresentador do "Hoje em Dia" da Record, um desserviço à população. O apresentador argumentava que o secretário estava "a toa", enquanto podia estar esclarecendo a população sobre o apagão.

O apresentador criou um total constrangimento para sua repóprter. Insistia no erro. Mesmo todos querendo saber o motivo do apagão, não é motivo para atrapalhar o trabalho dos outros. Pra mim foi bola fora da Record, faltou ética e profissionalismo.


Discussão - No meio jornalístico também há uma richa entre repórter e assessor de imprensa. Já trabalhei nos dois lados. O que posso dizer é que repórter sem informação não adianta de nada, mas também deveria lembrar que é o assessor quem marca a entrevista. E neste caso, a Record marcou uma tremenda bola fora, pois que pode ter suas "exclusivas" um bom tempo na geladeira ou, até, barradas para sempre. O que não é legal, porque o repórter precisa da informação e o assessorado depende da imprensa para "vender" seu peixe.

Para o leigo, para quem é de fora da imprensa, o apresentador da Record força uma barra para que se entenda que o secretário estava parado, a toa, enquanto podia estar presntando um serviço à população. Mas o que o telespectador tem de saber é que existe vários profissionais envolvidos no processo de colocar uma matéria ao vivo no ar. E interroper o trabalho do outro não é legal. Pra mim é falta de educação mesmo.

E só pra encerrar.... quero lembrar que privilégio e respeito se conquista. Não é forçando a barra que se consegue. Fica aqui meu recado.
assista ao video

10/11/2009

Chatices do Cotidiano



Não tem nada mais chato do que o cotidiano. Bom dia! Acordar, fazer xixi, escovar os dentes, lavar o rosto, tirar meleca e remelas. Uma chatice! Tomar banho – sempre começando pelo rosto, braços, costas, barriga, partes íntimas, pernas e pé. Porque nesta seqüência? Tente fazer diferente! Vocês eu não sei, mas eu me perco toda. Não sei se lavei o braço ou a perna. É uma loucura. É complicado sair da rotina. Cuidado!!! O Ministério da Saúde adverte: o cotidiano faz mal à saúde.
E o cocô . Este é um capítulo à parte. Fazer cocô todo dia de manhã é um atraso. Se bem que também é um alívio e faz bem ao próximo – já que todos estarão livres do péssimo humor quando não se consegue evacuar regularmente. É um atraso porque na hora que você está saindo de casa – pimba – dá aquela vontade louca de ir ao banheiro. Graças a Deus eu sou bem rápida nestas horas. Mas tem vezes que ele empaca, entende. Nem entra, nem sai. E você ali, roxo de tanta força que faz e ele de charminho. O sujeito é tinhoso. É você e ele, mas ninguém. Ele é tímido. E ele nada. Só curtindo com a tua cara. Alívio. Saiu!! Pensa que acabou? Nããããoo! Ele bóia, o safado. Sujeitinho besta. Aí vem a pior hora. O momento mais deprimente de um ser humano. Dar descarga. Dar descarga é o fim. Você olha para aquela coisa boiando n’água e aperta o botão e ainda tem que esperar para ver se desceu tudo mesmo. É nesta hora que eu odeio cocô com todas as minhas forças. O pior é que isso, não muito raro, acontece mais de uma vez no dia. Não sei se fico aliviada ou decreto o fim do cocô.
Retomando a sanidade mental, chega à hora de dormir. Você está bêbado de sono, andando torto e só pensando na sua caminha fofinha e gostosa. Eis que a consciência pesa e o orçamento da conta do dentista também. Higiene bucal. Parece uma coisa simples, rápida, mas não é não. Primeiro você escova os dentes em cima na parte superior e inferior, depois escova as laterais de dentro, novamente nas partes superior e inferior e por último escova a lateral de fora também superior e inferior. Complexo, não? Muito. Acabou? Nãããoo. Não acabou, ainda tem o fio dental. Como é chato passar o fio dental. Mas que dá um alívio quando tem aquela carninha entre os dentes, isso dá. Tem pessoas que ainda bochecham com aquele líquido de cheirinho de hortelã. Meu dentista falou para eu usar só de vez em quando. Graças a Deus! Menos uma coisa para eu fazer. Depois lavar o rosto com um sabonete especial e passar creme. Para quê passar creme de noite se vou dormir mesmo. Ah. Já ia esquecendo do xixi. Tem que fazer xixi e lavar as mãos. Se não fizer xixi antes de dormir dá aquela vontade de noite. Não tem nada mais chato do que sair da cama quentinha para fazer xixi e lavar as mãos com aquela água gelada. Bem acho que não esqueci de nada e posso dormir. Boa noite!
O cotidiano é monótono e persistente. Ele não tem amigos, vive sozinho, é amargurado, ranzinza, velho. Cuidado!!! Não o deixe tomar conta de você. Ele te quer como escravo.
Se rebele – fique um dia sem tomar banho, durma uma noite sem escovar os dentes e o melhor – vingue-se do coco e fique um, dois dias sem ver ele boiando na tua frente. Ah! Como é gostoso ser rebelde por um dia. Mas atenção faça tudo isso isolado, sozinho em casa.

03/11/2009

A perda de um grande mestre




É sempre uma perda quando um grande pensador morre.

Lévi-Strauss foi sem dúvida um dos nomes do século XX, pioneiro na antropologia com seus estudos de observação e pai da Antropologia Estruturalista (análise da estrutura das sociedades). Seguidores ou não desta linha da antropologia, gostem ou não de Lévi-Strauss, ele teve sua importância que ficará eternizada em suas obras, sendo as mais relevantes "As estruturas elementares do parentesco", "Antropologia Estrutural", "Tristes Trópicos" e "Pensamento Selvagem". O antropólogo centenário em "Tristes Trópicos", estudou os índios brasileiros, sempre pelo método da observação.


“O antropólogo é o astrônomo das ciências sociais: ele está encarregado de descobrir um sentido para as configurações muito diferentes, por sua ordem de grandeza e seu afastamento, das que estão imediatamente próximas do observador.”

Antropologia Estrutural - 1967 - Lévi-Strauss

02/11/2009

Cultura do “Ném”

Pra início de conversa, este texto é fruto de observação e vivência. Não quero ofender ninguém. E bom humor e leveza na vida são fundamentais !! E “vambora”.... “ném”!!

Pra começar... nome, pra quê?? Todos serão chamados de “ném” mesmo.
- “Ném”, quem?
- “Ném”, meu bem. Vai dizer que nunca ouviu?
- Não.
- Onde você mora?
- Zona Sul.
- Que tipo de programa costuma fazer?
- Praia, barzinhos, cinema, teatro - quando a grana deixa .....
- Entendi.
- Baile funk, andar de trem e freqüentar Zona Norte nem pensar?
- Funk e trem, nunca. Tijuca é Zona Norte?
- É.
- Então Zona Norte, sim. Meu dentista é lá.
- Entendi tudo.
- Tudo o quê?
- Você realmente não conhece um “ném”.
- Mas que diabo é isso afinal?
Você reconhece um “ném” de longe. Primeiro de tudo, “ném” não fala, “ném” grita. Ninguém tem nome, todos são chamados de “ném”. Eles são muito dados, plurais, entende? “Ném” vem cá! Todos olham... “Ném” isso, “ném” aquilo.
- Que horror!
- Pois é.
Continuando.... “ném” senta ao seu lado e puxa conversa, até aí normal, mas não se contenta em só falar, ele te dá tapinhas no braço, de leve, claro. No verão é mole reconhecer um “ném”, praticamente todos têm uma toalhinha pra enxugar o suor DO DIA TODO.
- Ai que nojo!
- Também acho. E a toalhinha fica como? Argh !!
Continuando.... filho de “ném” usa chupeta, mas com fralda amarrada na chupeta ou grudada com clipe na roupinha. Pra começar, chupeta só na hora de dormir, e olhe lá. Mas tudo bem, cada um que sabe do seu filho e de si. Mas depois não me venham dizer que seu filho ficou dentuço, porque a fralda amarrada pesa. E quando chove: ainda bem que trouxe sombrinha. Mas não tá chovendo?? Vai entender....
- Eu uso guarda chuva.
- Eu também.
Continuando... e filha de “ném”, não tem cabelo e já usa arquinho, daqueles de pano, na cabeça. Pobre criança que passa o dia todo tentando arrancar aquilo, assim como o sapatinho. Pra quê se a criança nem anda. Os meninos têm tênis enormes, meia, figurino completo. Ai como sofrem, no calor então.... E a roupa das mulheres?? Uns dois números a menos. Tipo um P num corpinho de G. Uma coisa! Ah! Já ia esquecendo... e celular, sabe onde as mulheres guardam?
- Na bolsa, naturalmente.
-Errou. No meio dos seios.
- Que nojo!! Argh!!
- Argh!!
Viu como é fácil reconhecer um “ném”? É cultura, coisa de pele, entende “ném”...... E aí “ném”, vai leva três amendoim, só paga um real?
- Não sou “ném”, eu tenho nome, caramba.
- Tá bom, não quis ofender.
- Ah! Esquece amorzinho, eu perdôo.
- Amorzinho não. Tenho nome cacete!!

08/10/2009

VOLTEI !!


Depois de longo período de ausência voltei com tudo. Problemas e falta de inspiração. Sem saco mesmo para escrever, entende? Assuntos não faltaram. Vontade eu tinha, mas ânimo....
O que importa é que estou de volta e com gás novo. Me aguardem........

07/10/2009

Uma imagem vale mais que mil palavras



O tiro do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) saiu pela culatra. Esqueceram o impacto que a imagem exerce sobre a sociedade. Toda uma luta foi por água abaixo num ato de vandalismo. Nunca fui simpática ao movimento do MST. Não é com violência e vandalismo que se consegue as coisas. A luta por terra é justa. A reforma agrária é necessária. Mas os meios não justificam os fins. Pelo contrário, pode destruir de vez com o sonho.

O MST sempre dividiu opiniões. Há os defensores ferrenhos do movimento, os moderados que relevam alguns atos impensados e os totalmente contra. Mas destruir o que já está plantado, creio que não tenha sido a melhor solução. Pelo contrário, a turma que ficava em cima do muro, agora tomou uma posição e faz parte da turma do contra. O ato conseguiu mais antipatia que simpatia. E o que conseguiu o MST? Mas um processo na justiça e mais problemas com o governo. O que me leva a concluir que ou o MST está dividido e desarticulado ou seus líderes são amadores. O movimento é antigo e a visibilidade na mídia é grande. Cometer um ato falho deste enfraquece a luta. Um propósito se conquista com diálogo, inteligência, paciência e bom senso. Uma imagem vale mais que mil palavras!

O que você deseja para o Rio depois de 2016?


O Brasil finalmente conseguiu o direito de sediar as olimpíadas. Legal! Conseguimos! Todos estão eufóricos, fazendo planos. E é bom que faça mesmo. Pois o mundo estará com os olhos voltados para o Rio. Mas muito tem que ser feito. Transportes de massa, saúde, segurança, educação, aeroporto e rodoviária terão de ser melhorados. A Baía de Guanabara despoluída. A rede hoteleira aumentada. Instalações para os jogos construídas e outras adaptadas de acordo com as normas do COI. Trabalho não faltará. Empregos serão gerados. É a chance de a cidade voltar a se orgulhar do título de maravilhosa.

Mas é hora de perguntarmos “o que você deseja para o Rio depois de 2016?” Não nos esqueçamos do PAN 2007 onde tudo foi feito às pressas e maquiado. O PAN foi um sucesso! Para quem cara pálida? Hoje temos uma Vila Olímpica abandonada, estádios e arenas mal aproveitados e os transportes e a segurança continuam péssimos. Eu quero uma cidade mais limpa, mais verde, com transporte e saúde de qualidade e segurança. Quero um Rio com mais qualidade de vida. Quero me orgulhar de ser carioca. Quero uma cidade mais consciente e mais educada. Quero que o espírito olímpico de “o importante não é vencer, mas competir”, esteja presente nas olimpíadas do Rio. Mas o que eu realmente desejo para depois de 2016 é um país mais equilibrado, com menos desigualdade social, onde todos possam se orgulhar de ser brasileiros.

Os jogos olímpicos da era moderna foram reeditados pelo Barão de Coubertin que acreditava no caráter pedagógico do esporte, e mais que isso, acreditava no caráter universalista do esporte. O esporte é humanista por natureza. Ele possibilita a inclusão social e a igualdade de oportunidades. O esporte não discrimina. Pelo contrário, quando alguém é campeão, é tido como herói, um exemplo a ser seguido. Não importa se é negro, pobre ou deficiente. O esporte é um veiculo para o exercício da cidadania contribuindo para a coesão da sociedade.

O que esperar então para depois de 2016? Uma cidade melhor. Mas acima de tudo cidadãos plenos e conscientes que saibam escolher melhor os representantes que não deixarão o sonho morrer depois das olimpíadas de 2016.

No mais é trabalho sério e mens sana in corpore sano (provérbio grego). Até 2016!!

02/06/2009

A menina e Silvio Santos


A menina Maísa de seis anos apenas, apresentadora do SBT, foi vítima da ganância, do dinheiro e da fama de seus pais e porque não dizer da mídia. Me pergunto como uma criança ainda, sem ainda ter formação e discernimento intelectual formados pode apresentar um programa na TV. Que futuro esta menina vai ter. Como pais deixam isto acontecer. Foi preciso esta garotinha ser humilhada e chorar no ar para tomarem uma providência. Que fique esclarecido, a justiça. Que tardou a meu ver. Porque pais e Silvio Santos estão lixando pra menina. E a punição pra eles? Quando vem? O que diz o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA)?

A ganância e o poder da mídia falaram mais alto. Afinal quem pode com o dinheiro, fama e poder juntos. Que tipo de mídia é esta que permite que criança passe por uma humilhação desta e seja preciso que ela chore no ar, na frente de milhões de telespectadores, para que se tome uma providência. Onde estão os órgãos reguladores da TV? O que importa é o dinheiro que Maísa traz com seus patrocinadores. Afinal a garotinha é um fenômeno. Maísa que se dane. Sua formação que se dane. Seu futuro que se dane. O que importa é encher os cofres de dinheiro.

Tenho vergonha deste tipo de mídia exploradora, insensata e interesseira. Temo pelo futuro desta que só pensa em lucro em detrimento de programação de qualidade. A mídia não pode esquecer que também é formadora de opinião. E que qualidade de opinião se tem com uma garota de seis anos, ainda em formação escolar, e um empresário que apela para este tipo de programação em sua grade? Pobre Brasil.

Cotas para negros nas universidades


Sou contra as cotas para negros nas universidades. Cresci em um país democrático. Aprendi na escola que igualdade é para todos e está na constituição federal do Brasil. Meus pais me ensinaram que todo ser humano é igual, independente de raça, cor, credo, classe social ou educação.

Compartilho do pensamento dos que acham que este sistema é um retrocesso na história do país e da luta pela igualdade de raça. Qualquer forma de favorecimento a um ou outro é discriminação. Colocar cotas somente para negros é discriminar o branco que também é pobre. Qualquer tipo de concurso deve ser avaliado por mérito. Muitos negros que passaram para a universidade por seu próprio esforço, são contra as cotas. Enxergam as cotas como favorecimento e não porque têm condições de passar em uma prova.

O sistema legitima um racismo que não existe no país. Segrega um povo que vive em harmonia. Casos de racismo que existem no país são da ordem privada e não da ordem pública. A constituição garante um país democrático. Instituir o sistema de cotas é ir contra a constituição. Aos que falam que o sistema de cotas seria reparar um erro histórico, reafirmo que as cotas sim, são um atraso para o país. Não podemos reparar erros com segregação. Segregar é dividir. Temos é que unir, somar. Como? Com educação básica de qualidade para todos. Vamos discutir o que ser ensinado nas escolas. Vamos cobrar por mais qualidade de ensino. Vamos cobrar por professores mais capacitados.

O mais justo é ter somente cotas sociais por curto prazo enquanto se investe na educação básica de qualidade por longo prazo. Este sistema de cotas raciais e sociais separadas é inadmissível. Os que investiram seu tempo estudando e, porque não dizer, até dinheiro, e passaram por méritos e não podem se matricular porque não restam vagas para não cotistas, é incoerente. O que tem nota mais alta não entrar porque não é negro ou “pobre”, gerará no futuro outro erro histórico. Não se conserta um erro gerando outro. Brancos de hoje não podem pagar pelo o que aconteceu 500 anos atrás. Não vamos repetir o erro do passado. Olhemos para frente. Acorda Brasil!

E tem mais: não aguento essa onda de politicamente correto. Porque chamar o negro de afrodescente se tem africano branco? E tem branco filho de negro que não é considerado afrodescente porque não tem a cor preta. O que neste caso não entraria na cota racista, pois que esta se deduz a descendência negra pela cor. Relembre o caso dos gêmeos, um mais “escurinho” que o irmão foi aceito pelo sistema de cotas para negros, e o outro mais clarinho, coitado, não foi aceito. Chega de hipocrisia.

p.s. – o fim é dizer que fulano é de cor ou marrom bombom. E eu sou transparente por acaso? E pra encerrar: chega de preconceito com os bombons. Eles adoçam e dão cor a vida. E eu adoro bombom.

14/05/2009

Qual o futuro do livro e jornal impresso?


Com a chamada era digital muito se discute se o livro vai acabar. Acho que não. E o jornal impresso?

A realidade da era digital ainda está muito longe para a maioria. Não se pode negar que a tecnologia chegou, mas para quem? Para os mesmos que têm acesso aos livros e jornais de papel. Estes podem escolher o que, como e onde ler.

Está na hora de discutir o que fazer para mudar a realidade dos que não têm acesso a informação seja ela de papel ou digital. Livro é educação, é cultura, é futuro. Se uma sociedade em que há muitos analfabetos é problema, quiçá com a era digital. Com livros somente digitais, o desastre será ainda maior. São poucos os que têm acesso a era digital. Primeiro tem de alfabetizar, depois educar, para então se pensar numa era digital. Até lá muito tempo ainda tem o livro de papel.

Mas o livro digital já aparece com força em muitos países desenvolvidos. Estes sim, podem pensar numa cultura digital. Mas o livro não vai acabar. Concordo com o pesquisador francês Jean-Yves Mollier quando diz que num futuro próximo nascerá um novo estilo literário. O livro se adaptará a nova realidade digital, a novos leitores que foram criados já na realidade dos recursos tecnológicos. Estes leitores já estarão treinados a este novo modo de ler. O da leitura em doses pequena e rápidas. O desafio será descobrir uma fórmula em que pouco será muito, com conteúdo e que desperte a atenção deste leitor digital que tem muitos atrativos da vida moderna.

Adaptando a teoria de Mollier para o jornal imprresso, acho que este para sobreviver terá que se achar nova fórmula. Hoje queremos notícias rápidas, em tempo real sem muita análise, pois não temos tempo para isso. E a internet se adapata a esta nova realidade. Os jornais impressos talvez continuem a existir para os que querem, e têm tempo, para a notícia mais detalhada, mais bem analisada. Os jornalistas de impresso terão que ser mais detalhados, mais analíticos, porque o que aconteceu, o lide no jargão jornalístico, já foi dado em tempo real. Para ler a notícia no dia seguinte somente para saber algo mais. Qual é este algo mais é que depende a sobrevivência do jornal impresso.

Só me pergunto qual a graça de ler um bom livro debaixo de uma árvore num laptop, iPhone, celular, mp4 e similares?? E quando gosto de determinada parte do livro e quero "rabiscar", fazer algum comentário.....como farei, ponho em negrito?? Será que no futuro ainda saberei escrever de próprio punho.....??!






12/05/2009

Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo - um comunicador nato


Assistir ao documentário Paulo Gracindo – O Bem Amado é um aprendizado da arte de atuar, da arte de comunicar e da arte da vida. Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo ou Paulo Gracindo brilhou nos palcos, no rádio (como radioator e apresentador de programa) e na TV com tipos memoráveis e inesquecíveis. Atuava com paixão e intensidade. Não é por acaso que dizia que queria morrer nos palcos.
Paulo Gracindo sem dúvida não morreu, continua bem vivo na pele de Odorico Paraguaçu da novela O Bem Amado de Dias Gomes. Quem não conhece o prefeito de Sucupira? Não vi as grandes novelas de Paulo Gracindo, nasci depois, mas lembro-me dele em Roque Santeiro; no Balança mas Não Cai, com o Primo Pobre, Primo Rico junto de Brandão Filho.
Minha memória viva do ator é de quando dava seus passeios por Laranjeiras, bairro em que ele morava e onde eu moro até hoje. Ele andava com a ajuda do seu acompanhante numa cena de homem frágil, debilitado. Mas quando o via atuar na TV, era um monstro sagrado da arte de atuar, de comunicar, de impostação da voz. Um ator completo que passeava entre o drama e a comédia. Infelizmente não tive o prazer de ver Gracindo no teatro.
Estudando jornalismo tive que fazer um documentário para o rádio. Escolhi fazer sobre Paulo Gracindo que dominou a linguagem do rádio e da TV, veículos estudados no jornalismo. Neste período da pesquisa para o documentário “descobri” o áudio da peça Brasileiro, Profissão Esperança, com Clara Nunes e Paulo Gracindo, no qual o ator declama o poema Cântico Negro do poeta português José Régio. Naquele momento, apenas com o áudio, pude sentir sua interpretação, numa das coisas mais emocionantes e brilhantes que já ouvi. Mas quando vi a cena no documentário, a interpretação de fato, não tive mais dúvidas, Paulo Gracindo já nasceu ator e comunicador, contrariando as perspectivas de seu pai, Graças a Deus....

10/03/2009

Igreja católica X Livre arbítrio




Um dos assuntos da mídia semana passada foi o aborto feito por menina de nove anos após ser estuprada por padrasto. O caso ganhou repercussão nacional e internacional, após o arcebispo de Olinda, Dom José Cardoso Sobrinho condenar o aborto e excomungar da igreja católica a mãe da menina, o médico e sua equipe pela operação da menina e “perdoar” o estuprador.

Na visão do arcebispo, a menina e os médicos, cometeram pecado grave e o estuprador
apenas um “pecadinho”. Quem cometeu o crime fica impune segundo a igreja católica, e a vítima é condenada. E os direitos do homem aonde é que ficam? Na constituição brasileira o aborto é legal no caso de estupro. E ainda, segundo os médicos, a menina sofria o risco de vida por ter sua formação óssea ainda em desenvolvimento, o que a prejudicaria com a gravidez de gêmeos.

A pergunta é: Onde está o livre arbítrio de cada um? Não sou a favor do aborto, mas cada um tem o direito de escolha sobre sua vida. E a menina - ainda uma criança - e sua família, escolheram por abortar duas vidas em gestação a conviverem com o fantasma do padrasto e do estupro. O estupro, um caso violento ao pudor, foi minimizado pela igreja católica, mas preocupada com vidas que ainda vão nascer do que com vidas já em curso, no caso a menina e sua família e possíveis outras vítimas do estuprador.

A igreja católica criticou até o presidente Lula que defendeu os médicos e o aborto. Os médicos, coitados, estavam apenas fazendo seus trabalhos. E o presidente também, afinal ele governa o país e cidadãos de diferentes religiões que aqui vivem, e não apenas os católicos. Ele ao menos respeita o livre arbítrio de cada um. O problema da igreja católica é que ela acredita que ainda pode mandar na vida das pessoas em pleno século XXI. Depois ainda reclama que perde fiéis.... A igreja católica é que comete crime ao excomungar os médicos que faziam seus trabalhos honestos - não esquecer que neste caso os médicos estavam amparados pela lei brasileira que admite aborto em caso de estupro - e a mãe da criança.

Para maiores esclarecimentos – não sou a favor do aborto, mas respeito à livre escolha de cada um. Não sou católica, portanto, excomungação pra mim não é castigo.

02/03/2009

Mídia e Espetáculo

Tomei conhecimento do caso da inglesa Jade Goody que participou da terceira edição do Big Brother britânico e no confinamento descobriu que sofria de câncer. A inglesa aproveitou o momento de exposição e resolveu se expor ainda mais fazendo de sua agonia final mas um show.

A inglesa tem liberdade de fazer da vida dela o que quiser. A mídia não. Neste caso não houve mais um reality show, mas sim um espetáculo nada instrutivo para o público. A mídia tem responsabilidade na formação de cidadãos, é formadora de opinião e neste caso passou dos limites. A mídia britânica mostrou estar interessada somente no espetáculo do show.

A responsabilidade da mídia aqui é mostrar uma realidade de uma vida terminal de uma pessoa que não foi bom exemplo. Jade Goody quando estava no BB britânico bebia demais era desbocada e falava “abobrinhas”. Depois da descoberta de seu estado terminal do câncer ainda quis tirar proveito disso faturando encima algum dinheiro. Mais parece um espetáculo dos horrores. Mas com certeza é o espetáculo do vazio, do nada.

Está na hora de acordarmos para este tipo de show e não dar mais audiência para este tipo de exploração. Eu já faço a minha parte, não assistindo ao Big Brother. Não é nenhum boicote contra a Globo e nem contra o programa, é que pra mim o programa é fofoca pura. Não consigo ver graça mesmo.

Carnaval e vaidade

Mas um Carnaval se foi e o saldo é um espetáculo cada vez mais midiático na Marquês de Sapucaí. Pobre da festa de Baco. Uma manifestação popular onde todos podiam transgredir sem medo de ser feliz de sábado a quarta- feira de cinzas. O Carnaval hoje é uma disputa de poderes das Escolas de Samba, patrocinadores, musas e rainhas de bateria.

Carnavalescos disputam vaidades e patrocínio, não mais a criatividade. Musas esculpidas nos bisturis desfilam seus corpos “bombados”, a meu ver nem sempre bonitos, na avenida. A sensualidade e o samba cederam lugar a promoção das Escolas de Samba e vaidade das rainhas. Rainhas? Quem está na mídia leva o posto de rainha da bateria. Rainha de bateria pra mim, e pra Baco, diga-se de passagem, é quem melhor representa a escola sambando.....ué mas não é Escola de Samba? Por falar em samba, este também vai mal, porque com a preocupação em fazer um desfile técnico, sem erros, no tempo, não se samba mais, se marcha, como bem disse Luis Fernando Veríssimo.

Baco conclama pela transgressão lúdica, sem prejuízo para ninguém, apenas diversão e muito de samba. Escola de Samba sem samba é muito chato e contraditório. Quero ver rainhas de verdade defendendo as escolas e não rainhas fabricadas pela mídia.

Baco também deve andar triste com os foliões e organizadores dos blocos do Rio. Os blocos são ótimos, diverte e trás de volta o lado lúdico da festa popular. Mas tem de ter organização para a cidade não parar e não cheirar a xixi Aqui a bronca também é para o poder público que tem de ter mais atenção para a volta dos blocos na cidade. Alô foliões mijões, o bloco do xixi não está com nada. É falta de educação mesmo.

Espero que Baco fique mais feliz ano que vem.

21/02/2009

Viva os bobos

O texto “Das vantagens de ser bobo”, de Clarice Lispector, me lembrou em muito o “jeitinho brasileiro” do qual se refere o antrópolo Roberto DaMata no livro "Carnavais, Malandros e Herois", em especial o carioca. Hoje parece que o legal é ser mal-educado. O educado, o bobo - mas não burro - como frisa Lispector, é espécie em extinção, rara, que daqui a pouco somente em leilões acharemos. Exageros e brincadeiras a parte, o mundo hoje definitivamente não está pra “bobos”. É estressante. O mundo hoje é dos espertos. O bobo tem que conviver com o esperto que suja a praia, com invasores de calçadas, com furões de fila e por aí vai. Não é fácil ser bobo. Mas bobo tem suas vantagens, segundo Lispector, “tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia”. E a maior originalidade deles é justamente serem educados, ou eles mesmos.

Os ditos espertos acham que estão levando vantagem. Será? Só sei que quem perde é a educação. Hoje não se tem mais noção do que é certo e errado, do que é legal e ilegal. Há de se ter muito cuidado, porque muitas coisas de tanto serem repetidas se tornam verdades. Não podemos cair neste golpe. Educação é coisa muito séria. E não falo aqui somente da educação de cada cidadão jogar o seu lixo no lixo no final da praia, de não tomar as calçadas como se fossem suas. Falo aqui da educação que vem da base, da educação que começa no jardim de infância (educação infantil) e em casa. Enquanto não se der a devida atenção para melhorar a educação no país com salários adequados, capacitação para os jovens professores e assistência social para as crianças que não têm estrutura familiar adequada - que sofrem maus tratos em casa-, continuaremos a viver sob a ditadura do “jeitinho brasileiro” e do mundo dos espertos.

O bobo não tem pressa. Não quer levar vantagem. Apenas quer a convivência pacífica entre cidadãos. O esperto tem prazo de validade enquanto o bobo é eterno. E viva os bobos!!

19/02/2009

Apressado come crú

Tanto se fala que no jornalismo tem de apurar os dois lados, no mínimo. Bem, no caso da brasileira Paula Oliveira, residente na Suíça, que supostamente teria sido atacada por neonazistas e estaria grávida de gêmeos e teria perdido os bebês, o erro básico está na apuração. Palavras no noticiário como “teria sido” e “supostamente” mostram claramente que não temos as versões finais do caso. Somente com especulação, a meu ver, não se pode noticiar o fato. Em se tratando de brasileiros no exterior, há de se ter um maior cuidado. Não se pode esquecer que a mídia é formadora de opinião e com bases em suposições está ajudando a formar opiniões errôneas, precipitadas. E com especulações vai se vendendo jornal e educando mal o povo. É pena!

Consequencia disto é o “mico” pelo qual o governo brasileiro passou. O presidente Lula saiu em defesa de Paula logo de cara, sem esperar pelos laudos da polícia e médicos. Na sequencia dos fatos a brasileira não estaria grávida, segundo laudos da polícia suíça. O governo brasileiro teve que se explicar para os suíços.

Há aqui dois erros graves nesta história. Primeiro a apuração ineficiente e afobação em logo publicar um fato sem provas. Segundo a precipitação do governo brasileiro em criticar a Suíça.

“Apressado come crú”, já diz o ditado. E o prato desce amargo e salgado nas contas da imprensa brasileira e governo. Quando imprensa e governo vão aprender?